O Sistema de Consórcios surgiu no Brasil, no início da década de 1960. À época, isso ocorreu em decorrência da indisponibilidade de linhas de crédito ao consumidor para aquisição dos primeiros veículos produzidos no país.
Ao idealizar o mecanismo no formato de um grupo, no qual todos os participantes contribuiriam mensalmente para formar o capital necessário para a aquisição de um automóvel por mês e sorteá-lo entre todos os participantes, a proposta dos funcionários do Banco do Brasil foi considerada ideal.
“Por que cada consorciado não poupa seu próprio recurso, para depois comprar o veículo?” Na avaliação de Luiz Antonio Barbagallo, economista da ABAC, esta indicação poderia até fazer algum sentido naquele contexto. “Sem dúvida, se todos cumprissem com seus pagamentos pontualmente, isso talvez pudesse ser feito”, responde.
Contudo, como decorrência, todos teriam que esperar o tempo necessário para a formação do capital total, suficiente para a aquisição. Se ocorresse dessa forma, ninguém teria a oportunidade de antecipar sua compra.
“Por outro lado, a indústria automobilística e as concessionárias também teriam que esperar por esses futuros clientes, ao invés de planejarem e comercializarem paulatinamente seus produtos pelo consórcio”, diz Paulo Roberto Rossi, presidente executivo da ABAC. “Esse foi o sistema bem-sucedido de um mecanismo que, ao longo de mais de sessenta anos, vem crescendo cada vez mais”, resume.
Apesar dos bons resultados, a exemplo de todo produto financeiro, o consórcio recebeu críticas e elogios, nas últimas décadas, ao ser objeto de ideias pré-concebidas que, muitas vezes, não têm respaldo em uma análise racional dos números e dos fatos.
Frequentemente, são divulgados resultados de análises relacionando um ou mais fatores como justificativas para o bom desempenho do Sistema. “Em economia, chamamos isso de Sofisma Post Hoc, isto é, sofisma como “mais que um engano travestido de verdade”, e post hoc como “depois disso”, detalha Barbagallo.
Paul A. Samuelson, primeiro norte-americano a ganhar o prêmio Nobel de Economia, em 1970, em seu best-seller “Introdução à Análise Econômica”, didaticamente apresentou uma figura que, dependendo da forma como era enxergada, seria possível observar um conjunto de bicos de aves, que, na verdade, são chifres de antílopes. “Ao utilizar essa figura para mostrar que nem sempre o que deduzimos o que é, na verdade pode ser um sofisma post hoc, ou seja, uma dedução de causalidade que com frequência é observada em raciocínio econômico”, complementa Barbagallo.
Mês após mês, a ABAC, ao reunir os resultados dos indicadores junto às administradoras associadas, vem divulgando números crescentes e quebras de recordes do Sistema de Consórcios, independente da conjuntura e da taxa de juros praticada no momento.
“Entre as afirmações mais frequentes está a de que a alta taxa de juros é responsável pelo atual sucesso do consórcio, sem encontrar qualquer respaldo empírico”, aponta o economista da associação. “Em meus tempos de mestrado, costumávamos chamar estas afirmações “não fundamentadas em análises mais profundas”, de “conversa de boteco”, relembra. “Ora, se o consórcio cresce em período de Selic em alta e também quando em baixa, o histórico, ao relativizar as variáveis dessas oscilações com as das taxas de juros, já provou a inexistência de correlação”, completa.
A adesão ao consórcio, cada vez mais constante na vida do brasileiro, tem origens diversas, porém a principal é o poder inclusivo e disciplinador que o sistema promove.
Em palestra proferida no Congresso Nacional das Administradoras de Consórcios – 43º Conac, em Foz do Iguaçu, realizado no primeiro semestre deste ano, o economista Eduardo Giannetti utilizou uma metáfora perfeita para exemplificar esse fato. Giannetti citou ”o mítico encontro de Ulisses com as sereias, situação em que, para evitar ser seduzido, o general ordenou que o amarrassem ao mastro do barco, evitando assim que sucumbisse aos seus cânticos”.
Com a figura proposta, “a exemplo das promessas comuns no início de cada novo ano, tradicionais nas noites de reveillon, quando, por exemplo, poupar mensalmente visa determinado objetivo, muitas vezes são desfeitas ao primeiro canto da sereia do consumo”, desmitifica Barbagallo.
Na última pesquisa encomendada pela ABAC à empresa Kantar Divisão de Pesquisa de Mercado, Insights e Consultoria da WPP, registrou-se o poder obediência aos limites que o sistema tem entre os drivers de escolha, destacando especialmente: primeiro investimento, poupança forçada e destino tangível ao dinheiro.
Ao se sustentar pela experiência e pelas pesquisas, “temos plena convicção de que, em linha com a educação financeira e como ferramenta de auxílio ao respeito com o trato do dinheiro, o consórcio continuará a contribuir para a realização dos sonhos dos brasileiros e para o crescimento da economia, sem sofismas, sem enganos”, afirma Rossi.
Consórcio deveria adotar mais uma forma de contemplação (por Resgate) possibilitando que pudesse ser negociado com produtores de bens e serviços a antecipação de entregas.
Também as empresas de Consórcio poderiam negociar com concessionários do transporte público a renovação de frotas.
Olá, Pedro, agradecemos a sugestão!
Sim, o consórcio é o comprometimento de suas finanças consigo mesmo, que não deixa margem para distrações e ruínas financeiras.
Ponto positivo para quem o usa.
Consorció poupança programada onde obrigatoriamente o cliente guarda, pode até demorar mas sempre vem no momento mas necessitado, eu mesma fui vitima dessa necessidade beneficiente, quando fui comprar meu primeiro veículo, já com a entrada em um financiamento, recebi pelo correio que seria ressarcida de umas parcelas onde parei de pagar, daí cancelei a negociação do financiamento e aguardei receber e comprei meu caarro avista, e adeus ao financiamento, até hoje mesmo aposentada continuo trabalhando com o consórcio e não faço financiamento, infelizmente estou em atraso com meu consórcio hoje por motivo pesssoal, mas já, já recupero.