Como alguém pode escapar da armadilha do superendividamento? O processo para conseguir se livrar dessa situação envolve três etapas fundamentais. Veja neste post o que é necessário fazer para uma mudança de vida.
Uma pessoa está superendividada quando suas dívidas se tornam um fardo tão pesado, que começam a afetar a capacidade dessa pessoa de prover as suas próprias necessidades básicas e da sua família. O superendividamento afeta a capacidade de moradia, transporte, vestuário ou alimentação, itens ligados à qualidade de vida e ao bem-estar. Ou seja, não é só ter um empréstimo, um crediário numa loja ou um dinheiro que pegou emprestado com alguém. É uma situação muito pior que essa!
O Banco Central do Brasil utiliza quatro critérios identificar se alguém tem um endividamento de risco ou superendividamento. São eles:
Critério 1 – Se as dívidas comprometem mais da metade da renda da pessoa. Ou seja, se ela ganha dois mil reais, por exemplo, e depois de pagar as dívidas fica com menos de mil reais.
Critério 2 – Se depois de pagar as dívidas a renda fica entre 500 e 600 reais, que é abaixo do que se chama “linha da pobreza”. Imagine o caso de uma pessoa que ganha 3 mil reais e que depois de pagar as dívidas fica com menos de 600 reais para utilizar naquele mês.
Critério 3 – Se a pessoa está inadimplente, ou seja, ela já não consegue quitar as próprias contas.
Critério 4 – Se a pessoa tem empréstimos ao mesmo tempo, no cheque especial, no crédito pessoal e no crédito rotativo, geralmente um para quitar o outro. Isso é chamado de multimodalidade.
Quando a pessoa se encaixa em dois desses quatro critérios, ela já pode ser considerada endividada de risco ou um potencial super endividado.
E o que fazer para sair do superendividamento? Não existe uma fórmula mágica. Este é um processo que, apesar de simples, exige muito trabalho e comprometimento de quem deseja mudar de vida.
Acredite, tem muita gente que fica super endividada e não consegue assumir que está nessa situação. O endividado tem vergonha de entregar aquele carro com prestações caras, tem vergonha de parar de comer fora para economizar e tem vergonha de conversar com a família, que continua gastando como se tivesse tudo bem.
Esse passo começa por saber o tamanho real do problema, por conhecer todas as dívidas, a quem deve, quanto deve, os juros de cada dívida, quantas prestações ainda faltam. Tem que saber tudo e colocar num papel, num aplicativo ou até numa planilha, como esta da ABAC. Dessa forma, vai ser possível avaliar quais são as dívidas mais críticas, como aquelas com juros mais altos. E também de quais dívidas é possível se livrar.
Depois de realizado o mapeamento, é possível fazer um orçamento mensal com todas as receitas e despesas. E aqui não é só da pessoa endividada, mas também de toda a família, com todos os detalhes, sem deixar passar nada. É muito importante envolver a família nesse processo de mudança, de replanejamento, de controle das despesas e das receitas. Fica muito mais difícil se alguém furar esse plano.
Depois de tudo planilhado, já é possível saber quais são as dívidas críticas. Na sequência, é preciso renegociar aquelas dívidas mais altas, com juros mais elevados. Então, por exemplo, se você tem dívidas no cartão de crédito ou dívidas no cheque especial, deve por outra dívida com juros mais baixos, como um crédito consignado. A orientação é literalmente para pegar o consignado e usar o dinheiro para quitar as dívidas do rotativo do cartão de crédito. É mais fácil administrar a dívida do consignado, que tem juros mais baixos.
Outra oportunidade é aproveitar os programas de renegociação de dívidas. Procure a orientação de um Procon ou de um grupo de defesa do consumidor. Se você tem dívidas com um banco ou com uma financeira, vá em outra instituição e procure por condições melhores. Dessa forma você pode fazer a portabilidade da dívida, em que um banco novo, que oferece condições melhores, vai quitar sua dívida no banco antigo e você passa a dever pra ele.
Na teoria, é bem simples entender quais são essas três etapas e entender como funciona esse processo. Mas na prática é bem mais complicado, porque exige muita disciplina, comprometimento da pessoa que está endividada. Ela tem que querer mudar de dívida e vai precisar da ajuda de pessoas que estão perto dela. Com disciplina e mudança de hábitos, tudo vai dar certo.
Este post foi elaborado com informações do episódio 94 da série “BC te Explica”, do Banco Central. Se preferir acompanhar o conteúdo em vídeo, assista abaixo:
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Dicas valiosíssimas! A pressa em ter algo acaba nos levando a pagar alta taxa de juros, o que acaba comprometendo a renda em si. Vale a pena pesquisar caminhos que nos levam a ter o mesmo bem. Acabo puxando ¨sardinha¨pro sistema de consórcio.
Isso mesmo, Roberta! Obrigada por sua contribuição!