No post de hoje, vamos contar um pouquinho da história do Plano Real, que mudou os rumos da economia do País e que, em 2019, completa 25 anos.
Entre 1985 e 1994, o Brasil enfrentava a superinflação, que corroía o poder de compra da população e sua capacidade de planejamento – em 1993, o IPCA atingiu 2.477,15%! Diversas medidas foram tomadas para recuperar a estabilidade de preços em seis planos econômicos que antecederam o Plano Real. Foi somente com sua chegada, há 25 anos, que o cenário mudou radicalmente.
O real começou a circular em 1º de julho de 1994. Mas, para entender seu sucesso, é necessário voltar para 1993, quando o plano começou a ser desenhado.
Após várias tentativas fracassadas de conter a alta de preços, o Ministério da Fazenda montou uma equipe para pensar em formas de acabar com a superinflação. O grupo elaborou um plano de estabilização inovador, que foi implementado de forma gradual e que não focou apenas na mudança do padrão monetário.
A primeira fase do Plano Real buscou o equilíbrio das contas do governo e começou ainda em 1993, com o lançamento do Programa de Ação Imediata (PAI), em junho. Alguns meses depois, em fevereiro de 1994, foi aprovada a criação do Fundo Social de Emergência (FSE), rebatizado posteriormente de Fundo de Estabilização Fiscal (FEF), que previa a desvinculação de algumas receitas do governo federal.
O grande desafio do real foi tirar da cabeça das pessoas o receio de que os preços subiriam demais. Se o padeiro acha que o trigo ficará mais caro, ele cobra mais pelo pão, que pesa mais no bolso do médico, que passa a cobrar mais pelas consultas.
Uma das medidas para tranquilizar a população, foi introduzir uma moeda que não carregasse a desconfiança de que as anteriores sofriam. Para isso, as pessoas precisavam de tempo para acreditar no novo padrão.
Assim nasceu a URV – a Unidade Real de Valor, com jeito de moeda, sem ser moeda. Para comprar uma garrafa d’água não se podia retirar URV do bolso e pagar a mercearia. Mas o preço da garrafa podia ser dado em URV, que depois seria convertido para cruzeiros reais.
A ideia era alinhar todos os preços a uma conta só em vez de ter índices, fórmulas ou padrões diferentes. Tudo feito de forma voluntária: quem não quisesse, não precisava usar URV.
A URV tinha um detalhe que a fazia oscilar pouco: ela era atrelada ao dólar. Se o dólar mudava, o valor em cruzeiros reais mudava, mas a URV continuava equivalente a um dólar. Assim, todos os preços expressos em URV poderiam ficar constantes.
Os primeiros preços alinhados foram os estabelecidos pelo governo. Aos poucos, como as pessoas não confiavam na moeda velha, a URV passou a ser mais e mais usada para marcar preços, só que sem variação diária, o que dava sensação de estabilidade. O preço subia em cruzeiro real, mas não subia em URV.
A equipe econômica detalhou em diversas entrevistas como seria o processo de implementação da URV, assim como a sua utilização – e essa transparência aumentou os níveis de confiança no país.
A terceira fase começou em 1º de julho, quando a URV foi transformada no real. Quando o conceito da URV se tornou familiar, o real foi lançado, com a cotação de 1 real = 1 URV, e se tornou a nova moeda. Junto com a nova moeda, foram adotadas uma série de medidas para garantir a estabilização de preços.
Um mês após o real começar a circular, a inflação mensal ficou sete vezes menor do que no mês anterior. Caiu de 47,43% para 6,84%. Desde então, a inflação não retornou aos elevados níveis anteriores.
À medida que a população se acostumava com a nova moeda, o jeito de se relacionar com o dinheiro mudava. Os centavos, que eram desprezados em cruzeiros reais, passaram a fazer a diferença em real.
Os jornais acumulavam relatos de pessoas que deixavam de gastar todo o dinheiro que tinham, pois agora podiam juntá-lo para executar um planejamento financeiro. Em vez de converter o dinheiro rapidamente em produtos, os brasileiros começaram a planejar melhor a compra da casa própria, o ingresso na faculdade e, porque não a viagem de férias.
Para saber mais sobre as medidas econômicas adotadas nas três fases do plano Real, clique aqui.
Confira também documentário sobre os 25 anos do Real sob a ótica dos servidores do Banco Central.
Texto produzido com informações do Banco Central do Brasil. A ABAC é parceira do BC nas ações em comemoração aos 25 anos do Real.
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