Nos últimos anos, o crescimento do Sistema de Consórcios tem sido constante. Somente em 2024, foram vendidas 4,5 milhões de cotas, superando todas as marcas históricas anteriores. Entre as principais características da modalidade que contribuem para esse resultado é o poder de compra à vista na utilização da carta de crédito contemplada.
Luiz Antonio Barbagallo, economista da ABAC destaca que o poder de compra à vista é um grande trunfo que lançamos em uma negociação visando obter melhores condições. Seja qual for o motivo da necessidade, a oferta de um comprador pelo pagamento à vista sensibiliza qualquer vendedor para pronta decisão, abrindo a possibilidade da concessão de descontos sobre o valor total da transação.
“Em uma transação de compra e venda, o vendedor tem razões de interesse pessoal que o influenciam nas condições para possível aceitação ou não de contrapropostas do comprador. Todavia, a venda pode ser pressionada pela pressa em receber o dinheiro, seja por necessidade de liquidez ou para fechar outro negócio em andamento. Quando o objetivo do vendedor é a efetivação da transação somente à vista, abre-se uma possibilidade de negociação para quem possui o recurso de imediato”, ressalta.
“Carta de crédito é dinheiro na mão e os descontos conseguidos em uma negociação vantajosa acabam por compensar parte dos custos do consórcio, que já são baixos”, resume Paulo Roberto Rossi, presidente executivo da ABAC.
O publicitário Cristian Sampaio Santos, paulistano de 32 anos, casado com Silmara e pai de um filho, exemplifica bem as vantagens financeiras experimentadas com o Sistema de Consórcios relativamente ao poder de compra à vista e de boa negociação final.
“Ciente das características do consórcio, considerei esperar, de acordo com meu planejamento financeiro, para ser contemplado por sorteio”, adianta Santos. “Não dei lance e não utilizei o saldo de minha conta no FGTS”, complementa.
Após seis anos de pagamentos mensais, Santos foi contemplado por sorteio no início de 2024 e esclarece que “na procura pelo imóvel, identifiquei que os preços eram superiores ao crédito que tinha disponível. Ao definir o apartamento que a família queria no bairro de Interlagos, na capital paulista, ao lado do autódromo, parti para negociar com o vendedor”.
Depois de apresentar a carta de crédito da contemplação do consórcio, Santos propôs um desconto de 10% sobre os R$ 465 mil iniciais. “Notei que aquela oferta estava facilitando a finalização do negócio”, comentou. Para concluí-lo, acrescentou ainda que “além da concordância com o desconto, acabamos por incluir no valor total a comissão da imobiliária, que resultou em um investimento final ainda mais vantajoso. Foi realmente uma boa economia”.
Santos esclareceu que já havia utilizado anteriormente o consórcio para adquirir um carro e considerava esta modalidade mais vantajosa do que um financiamento. “O consórcio é realmente uma alternativa financeira para quem deseja formar um patrimônio, economizar e, embora possa levar algum tempo, os benefícios compensam”, finalizou.
Se o interesse do comprador é, sem pressa, conseguir o preço mais vantajoso possível para a aquisição do bem ou serviço, é preciso planejar. E uma das opções é aderir ao consórcio. Por outro lado, considerando, por exemplo, a necessidade de posse imediata e as exigências atuais para financiamento de um imóvel, será necessário arcar com o ônus dos juros, o que eleva o custo final.
Barbagallo acrescenta que “em muitas situações, o conflito entre a pressa do vendedor que necessita do dinheiro e a não disponibilidade financeira do comprador, pode demandar um tempo maior do que o primeiro pode esperar”. Trata-se de desvantagem para ambos. O economista sintetiza que “se o comprador não tem dinheiro, não há poder de compra, nem desconto e nem barganha, para fechar o negócio de imediato. Poderá até perdê-lo para outro interessado”.
Ao entender que participar do Sistema de Consórcios é investir para formar um patrimônio, em 2016, o casal de noivos Aline Massoqueto e Marcelo Ceccatto, de Campo Largo, Paraná, adquiriu uma cota de R$ 250 mil em um grupo de imóveis.
Pensando no futuro e sem pressa, Aline lembra que ambos decidiram não ofertar lances ou utilizar saldo da conta do FGTS. “À época, Marcelo e eu concordamos em ser contemplados somente por sorteio, demorasse quanto demorasse”, afirmou.
Alguns anos depois, em janeiro de 2020, avisados da contemplação e já casados, ambos partiram para a escolha do imóvel na praia. Em fevereiro, durante o carnaval daquele ano, com o crédito de R$ 450 mil em mãos, originário da valorização da cota e também da mudança para um crédito de maior valor em razão da melhoria da renda mensal dos dois, o casal dirigiu-se para a praia Brava de Caiobá, em Matinhos, no litoral paranaense.
“Depois de visitarmos algumas unidades, optamos por uma que, por coincidência, pertencia a um morador de Campo Largo, onde residimos”, detalha. “O fechamento da compra e venda só aconteceu após duas tentativas de negociações com descontos. A concordância final foi a partir da oferta de pagamento à vista, utilizando o dinheiro liberado com a carta de crédito. Como o apartamento estava mobiliado, conseguimos negociar e ganhar toda a mobília sem qualquer custo, o que propiciou mais economia e ainda um saldo de R$ 30 mil”, acrescentou. “Com este valor, pagamos os impostos, escritura e outras despesas”, completa.
Para Aline e Marcelo, “o consórcio é o melhor caminho para adquirir um bem como um imóvel. Sem juros, pagando um pouquinho por mês e economizando quando da contemplação, recomendo a todos que desejem investir e formar patrimônio. Aliás, vou comprar uma nova cota neste ano”.
Por outro lado, há consorciados cujo propósito principal é investir em empreendimentos utilizando recursos liberados nas contemplações. Valdir Nicolini, 64 anos, empresário em Colombo, Paraná, tem feito do consórcio fonte de capital para seus negócios no ramo imobiliário. “Há mais de sete anos, tenho comprado cotas de imóveis”, explica Nicolini. “Meu objetivo principal, sempre que sou sorteado, é aplicar na compra de um bem ou na construção com vista à locação”, detalha.
Ao longo do tempo, sem oferecer lances, sendo contemplado somente por sorteio, o empresário esclarece que utiliza os créditos como dinheiro, negociando valores. “Sempre obtive descontos nos fechamentos dos negócios, com abatimentos variando de 10% a 15%, inclusive na compra de materiais de construção”, complementa.
Nicolini, que também atua no ramo industrial, no setor de metalurgia para a indústria automotiva, afirma continuar participando de grupos consorciais projetando futuros negócios.
Rossi lembra que “o Sistema de Consórcios tem sido procurado por consumidores que praticam a essência da educação financeira, na qual o planejamento é a base da boa gestão das finanças pessoais, profissionais, familiares e até empresariais, de maneira responsável, sem imediatismos e com equilíbrio”.
O Sistema de Consórcios conta atualmente com 11,37 milhões de participantes ativos presentes em vários setores da economia nacional como veículos, motocicletas, caminhões, máquinas agrícolas, implementos, imóveis, serviços e eletroeletrônicos e outros bens móveis duráveis.Na adesão ao grupo de consórcio, o parcelamento do valor é integral e sem entrada. As contemplações ocorrem por meio de sorteios ou lances, e ao ser contemplado o consorciado tem o poder de compra à vista para formar ou ampliar seu patrimônio. Outra característica importante é a possibilidade de uso de até 10% do valor do crédito objeto da contemplação para despesas com transferência de propriedade, tributos, registros cartoriais, instituições de registro e seguros.
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