Geração Z e dinheiro são uma combinação desafiadora no cenário atual. Composta por jovens nascidos entre meados da década de 1990 e o início dos anos 2010, essa geração cresce em um mundo digital, em que lidar com o dinheiro é uma tarefa cada vez mais complexa.
Estudo realizado pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), em parceria com o Sebrae, afirma que praticamente metade dos jovens nascidos na chamada Geração Z não realiza o controle das finanças pessoais (47%).
A principal justificativa é o fato de não saber fazer (19%), sentir preguiça (18%), não ter hábito ou disciplina (18%) ou não ter rendimentos (16%).
Ao Blog da ABAC, o economista e CEO da Amero Consulting, Igor Lucena, explica que os altos custos de vida, consumo imediato e a influência da tecnologia, dificultam o planejamento financeiro, deixando muitos sem saber por onde começar. Entender como esses fatores afetam a relação da Geração Z com o dinheiro é essencial aos jovens que almejam traçar caminhos rumo à independência financeira.
Fator determinante para o comportamento financeiro da Geração Z é o uso da tecnologia. Com o crescimento das fintechs (empresas que combinam tecnologia com serviços financeiros) e das opções de pagamento digital, gerenciar o dinheiro se tornou mais conveniente, mas também criou novos desafios.
“O uso de tecnologia facilita o transporte de dinheiro. Mas há um lado negativo: a Geração Z, ao usar o dinheiro digital e os cartões de crédito, tende a se endividar mais”, aponta Lucena.
A facilidade em gastar sem ver o dinheiro “físico” saindo da conta pode gerar uma falsa sensação de controle. O economista explica que, muitas vezes, o endividamento não está relacionado à compra de ativos. Está é relacionado ao consumo fora do orçamento, impulsionado pela conveniência digital. O principal desafio, então, é encontrar maneiras de usar a tecnologia para monitorar e controlar melhor as finanças pessoais.
A educação financeira é um tema de crescente importância, mas, para a Geração Z, pode parecer desinteressante ou distante. Para reverter isso, Lucena sugere a adaptação de conteúdos financeiros aos diversos setores econômicos em que esses jovens atuam.
“Hoje, há cursos de finanças pessoais voltados para médicos, engenheiros, designers e outras profissões. O ponto principal é conscientizar a Geração Z sobre a necessidade de aprender sobre finanças”, afirma.
Essa conscientização passa por transformar a educação financeira em algo prático e acessível, conectando-a aos interesses e realidades da geração. A oferta de cursos online, vídeos e conteúdo em formatos digitais são exemplos de estratégias que podem atrair a atenção desse público e incentivá-lo a adquirir conhecimento sobre como gerir suas finanças.
Um exemplo é o canal Saber Financeiro, da ABAC, exclusivo para falar do tema educação financeira. Nele estão disponíveis conteúdos interativos, jogos, vídeos e diversos materiais gratuitos para download, em linguagem atual e acessível.
Uma das grandes dificuldades enfrentadas pela Geração Z é equilibrar o desejo de consumo imediato com a necessidade de poupar para o futuro. Lucena recomenda uma estratégia prática para ajudar os jovens a manterem o equilíbrio: a “autopoupança”.
“Se eu ganhar mil reais no dia 5, no dia 6 já deixo programados investimentos de 20% a 30% da minha renda. Esses valores podem ir para investimentos de renda fixa ou variável, previdência privada, e devem ser aplicados imediatamente, sem esperar sobrar dinheiro para investir”, explica.
Essa técnica funciona como uma “poupança forçada”, na qual o jovem consegue poupar e entende que uma parte da sua renda será imediatamente realocada para o seu futuro.
Neste sentido, o consórcio surge também como uma oportunidade de se “forçar”a poupar. Afinal, por meio dele, o consorciado reserva uma parte dos seus recursos hoje, para realizar um sonho no futuro, por meio da compra de um bem ou serviço. A modalidade é uma forma de autofinanciamento – clique aqui para saber mais.
Por fim, Igor Lucena aponta que os desafios que a Geração Z enfrenta no campo das finanças são inegáveis, mas, com a combinação certa de educação, tecnologia e disciplina, é possível contorná-los.
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